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O primeiro caminhão 8x4 não tripulado do Brasil

Written by Luis Fernando Frauches | 4 de Julho de 2024

FIDENS DESENVOLVE EM 1997 O PRIMEIRO CAMINHÃO 8X4 DA MINERAÇÃO BRASILEIRA E, 27 ANOS DEPOIS, O PRIMEIRO 8X4 NÃO TRIPULADO DO BRASIL

Em 1997, a FIDENS desenvolveu, em parceria com a SCANIA, o primeiro caminhão 8x4 destinado à mineração no Brasil. Vinte e sete anos depois desse marco histórico, essa parceria agrega a HEXAGON como parceiro tecnológico e apresenta o primeiro caminhão 8x4 não tripulado do país.

Este caminhão promete revolucionar o mercado brasileiro de descomissionamento de barragens, trazendo mais produtividade, reduzindo os equipamentos envolvidos na atividade, agregando segurança e reduzindo custos. A seguir, contamos um pouco mais dessa história.

A ORIGEM DO CAMINHÃO 8X4 NA MINERAÇÃO BRASILEIRA

No ano de 1997 ocorria mais uma edição da Bauma, a maior feira de Equipamentos da Construção e Mineração do mundo, sediada na Alemanha. Neste evento, os diretores da FIDENS conheciam o caminhão 8x4 da SCANIA, que foi originalmente projetado para ser utilizado no modelo betoneira, para transporte de concreto. Na ocasião, os diretores da FIDENS identificaram o potencial do caminhão 8x4 da SCANIA como uma solução viável para operações de mina devido à sua capacidade de carga superior aos caminhões 6x4 então utilizados. Em conjunto com a SCANIA, foram realizadas adaptações essenciais para otimizar o uso do veículo em ambientes de mineração:

  1. Reposicionamento do cilindro de ar dos freios para a traseira do equipamento, inicialmente localizado na lateral.
  2. Alongamento do entre-eixos para melhor suporte da báscula.
  3. Desenvolvimento de espaçadores para acomodar pneus de 1200x24 e aumentar a área de contato com o solo, um padrão mantido até os dias atuais (usava-se pneus no 1100x22 até então).
  4. Instalação de protetores de carter no motor.
  5. Ajuste do escapamento do caminhão da lateral para a parte superior.
  6. Desenvolvimento das básculas em colaboração com a Iderol, fabricante que posteriormente se tornou Rossetti.

Nascia aí, desta parceria, o primeiro caminhão 8x4 da mineração brasileira, um equipamento versátil que ainda hoje é reconhecido pelo seu excelente custo-benefício em projetos de mineração.

O desenvolvimento do primeiro caminhão 8x4 não-tripulado vem com o mesmo objetivo: tornar as atividades de descomissionamento de barragens mais eficientes, produtivas, econômicas e seguras.

SOBRE O USO DE EQUIPAMENTOS NÃO TRIPULADOS NO DESCOMISSIONAMENTO DE BARRAGENS

Desde 2019, as regulamentações brasileiras foram ajustadas para cumprir padrões internacionais de segurança de barragens, resultando na proibição do método de alteamento a montante e na necessidade de descomissionamento de várias barragens anteriormente classificadas como estáveis. Para evitar riscos à segurança dos trabalhadores durante essas operações, a legislação passou a exigir o uso de equipamentos não-tripulados, operados à distância a partir de centros de controle fora da zona de risco da barragem.

Para se ter ideia, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), mais de 38 barragens construídas pelo método a montante no Brasil precisam ser descomissionadas até 2035, o que representa um mercado que demandará investimentos significativos, estimados em mais de R$ 10 bilhões pelas grandes mineradoras.

E foi vislumbrando este mercado e a grande deficiência das tecnologias disponíveis hoje, que surgiu a parceria FIDENS-SCANIA-HEXAGON.

SOBRE A TECNOLOGIA

Atualmente, a tecnologia de equipamentos não tripulados no Brasil é empregada exclusivamente em operações de descomissionamento de barragens. A implementação plena desses sistemas em operações de mineração e outros projetos de infraestrutura enfrenta diversos desafios:

  • É necessário estabelecer uma rede de internet robusta e específica para o projeto, cujo custo elevado só se justifica em projetos de longo prazo.
  • Exige-se um investimento significativo na tecnologia embarcada nos caminhões e no cockpit de operação, que ainda depende de componentes e itens importados. Atualmente, o custo para implementar essa tecnologia é praticamente equivalente ao valor de aquisição de um caminhão novo.
  • As produtividades alcançadas ainda são inferiores às obtidas em operações diretas com equipamento tripulado.

  • Há um aumento nas falhas mecânicas, atribuído à complexidade operacional e à falta de integração das tecnologias disponíveis no mercado com a mecânica interna dos equipamentos.

Devido aos altos investimentos iniciais em infraestrutura de rede e tecnologia embarcada, o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes, produtivas e integradas com a mecânica dos equipamentos torna-se crucial para reduzir os custos em projetos de operação não tripulada. É precisamente nesses aspectos que a parceria entre FIDENS, SCANIA e HEXAGON se destaca.

A PARCERIA FIDENS-SCANIA-HEXAGON E O 1º CAMINHÃO 8X4 TELEOPERADO DO BRASIL

Estabelecida em agosto de 2022, há 22 meses, a parceria entre FIDENS, SCANIA e HEXAGON, visou desenvolver uma tecnologia mais eficiente para equipamentos não-tripulados, focando em três principais desafios enfrentados pelos sistemas existentes no Brasil:  

  1. Redução das falhas mecânicas e minimização dos atrasos de comunicação entre a tecnologia embarcada e o caminhão.
  2. Aumento da produtividade dos caminhões não tripulados sem comprometer a segurança na remoção de rejeitos.
  3. Redução dos custos de investimento para tornar os projetos mais econômicos, mantendo os prazos de execução vitais de serem cumpridos.

Para resolver esses desafios, a FIDENS uniu-se à SCANIA, líder mundial em soluções de transporte, e à HEXAGON, especialista global em realidade digital para mineração, combinando sensores, software e tecnologias autônomas. O resultado desse esforço conjunto é um caminhão não-tripulado que poderá sair diretamente da fábrica, adaptado especificamente para operações de descomissionamento de barragens, projetado para maximizar a eficiência e segurança das operações. 

Abordando os desafios de produtividade e custo neste mercado, a FIDENS relembra seu pioneirismo no desenvolvimento do primeiro caminhão 8x4 para mineração no Brasil, que revolucionou o setor ao melhorar eficiência e produtividade. Essa mesma abordagem foi aplicada no desenvolvimento do caminhão 8x4 não tripulado. Apresentando uma pressão sobre o solo praticamente equivalente à de um caminhão 6x4 devido ao eixo adicional, e com um raio de giro similar, o caminhão 8x4 oferece uma capacidade de carga 50% superior ao modelo 6x4. Ainda, a solução desenvolvida em conjunto com as empresas desde o “nascimento” tem uma comunicação mais direta e rápida com o sistema de direção do caminhão, uma das grandes dores das tecnologias disponíveis hoje no mercado.

Isso significa que, com o mesmo investimento em tecnologia e operador, o equipamento pode alcançar uma produtividade até 30% maior do que os caminhões 6x4 convencionais do mercado atual. Este aumento de eficiência permite reduzir a quantidade de equipamentos sobre as barragens, aumentando a segurança das operações e resultando em uma redução de 25% nos custos de investimento inicial para projetos de equipamentos não tripulados.

CONCLUSÃO

Ao longo de sua história, a FIDENS se consolida como pioneira e inovadora no mercado de construção pesada e mineração, marcando seu legado com conquistas significativas ao longo dos anos. Desde o desenvolvimento do primeiro caminhão 8x4 adaptado para mineração em parceria com a SCANIA até o lançamento do primeiro caminhão 8x4 não-tripulado do Brasil, em colaboração com a HEXAGON, a empresa tem redefinido os padrões de eficiência, segurança e sustentabilidade no setor. 

Esta aliança estratégica não apenas demonstra o compromisso da FIDENS com a adoção de tecnologias avançadas, mas também posiciona a empresa como líder na implementação de soluções inovadoras que transformam operações complexas como o descomissionamento de barragens. Com a combinação de expertise técnica, visão estratégica e compromisso com a excelência, a FIDENS continua a moldar o futuro da indústria, oferecendo soluções que não só respondem às demandas atuais, mas também antecipam as necessidades futuras do mercado.